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Wednesday, August 28, 2013

Inexplicável retrocesso energético

Posicionamento do Brasil em relação aos leilões de energia deste ano, sugere que o país anda mesmo no caminho contrário das fontes de energia renováveis
Por Taís González

O mercado de investimentos em fontes de energia renováveis estão cada vez mais em alta. De acordo com Bloomberg New Energy Finance as projeções para a área chegou a expectativa de um crescimento de 230%. O resultado seria dos US$ 268,7 bilhões, investidos em 2012, para US$ 630 bilhões por ano em 2030. Mesmo sendo a aposta do futuro, o Brasil ainda prefere direcionar os investimentos energéticos em projetos voltados aos combustíveis fósseis.

Amanhã, o Ministério de Minas e Energia e a ANEEL realizarão o Leilão A-5 para a compra de novas fontes de energia elétrica no país a serem usadas a partir de 2018. O Leilão já está marcado com polêmicas, como a volta do carvão mineral (cerca de 52% da energia ofertada) como fonte de energia e a participação de empreendimentos sem licença ambiental no ato do leilão.

O leilão A-5, indica a aposta do governo brasileiro em fontes não renováveis. No caso das termelétricas é necessário uma quantidade absurda de água e esta é incoerência do governo, já que a alegação é garantir a segurança energética no Brasil com as térmicas no período de seca, período em que as hidreléticas produzem menos e há ameaça maior de apagões, por exemplo, entretanto, o pico da produção da eólica é justamente neste período, porque os ventos sopram mais fortes.

O último leilão da energia eólica, colocada como energia de reserva ficou abaixo do esperado, com apenas 1.5 MW, as expectativa eram de no mínimo 2.0 MW. Neste caso, falta vontade, faltam também linhas de transmissão nos parques eólicos... Talvez as curvas do governo a favor do “lobby fóssil” estejam nesta direção. Já que as regras para concessão de financiamento à compra de aerogeradores mudaram, exigindo índices maiores de nacionalização dos equipamentos para financiamento no BNDES, consequentemente, os preços aumentaram. Outra medida contra a energia eólica foi a criação de mais uma tarifa, o Encargo de Serviço do Sistema para Geradores (ESS-G).

Lançado em novembro de 2012, o relatório "O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade" indica que o potencial da energia solar e eólica no Brasil tem sido menosprezado nas políticas públicas do setor energético. O documento revelou que, com as tecnologias atuais de energia solar, seria possível atender a 10% da demanda atual de energia elétrica utilizando menos de 5% da área urbanizada do Brasil. No caso da energia eólica, o potencial inexplorado chega a 300 gigawatts (GW), quase três vezes o total da capacidade instalada atualmente no país. Falta investimento.

E não há um horizonte de mudança nesse cenário. De acordo com o ADITAL, a presidente Dilma Rousseff afirmou aos jornalistas, em 23 de abril deste ano, que “não tem milagre”: ou se constrói novas hidrelétricas ou aumenta-se a participação das termelétricas na distribuição de energia. Programas de eficiência energética e redução de demanda ou perspectivas de investimentos em outras fontes renováveis sequer foram citados no discurso.


Para entender um pouco sobre a discussão o Climax Brasil promoveu um debate entre e a coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Renata Nitta e o cientista integrante do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alexandre Costa. Assista na íntegra aqui.

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