Posicionamento
do Brasil em relação aos leilões de energia deste ano, sugere que
o país anda mesmo no caminho contrário das fontes de energia
renováveis
Por Taís González
O mercado de
investimentos em fontes de energia renováveis estão cada vez mais
em alta. De acordo com Bloomberg New Energy Finance as projeções
para a área chegou a expectativa de um crescimento de 230%. O
resultado seria dos US$ 268,7 bilhões, investidos em 2012, para US$
630 bilhões por ano em 2030. Mesmo sendo a aposta do futuro, o
Brasil ainda prefere direcionar os investimentos energéticos em
projetos voltados aos combustíveis fósseis.
Amanhã, o Ministério
de Minas e Energia e a ANEEL realizarão o Leilão A-5 para a compra
de novas fontes de energia elétrica no país a serem usadas a partir
de 2018. O Leilão já está marcado com polêmicas, como a volta do
carvão mineral (cerca de 52% da energia ofertada) como fonte de
energia e a participação de empreendimentos sem licença ambiental
no ato do leilão.
O leilão A-5, indica a
aposta do governo brasileiro em fontes não renováveis. No caso das
termelétricas é necessário uma quantidade absurda de água e esta
é incoerência do governo, já que a alegação é garantir a
segurança energética no Brasil com as térmicas no período de
seca, período em que as hidreléticas produzem menos e há ameaça
maior de apagões, por exemplo, entretanto, o pico da produção da
eólica é justamente neste período, porque os ventos sopram mais
fortes.
O último leilão da
energia eólica, colocada como energia de reserva ficou abaixo do
esperado, com apenas 1.5 MW, as expectativa eram de no mínimo 2.0
MW. Neste caso, falta vontade, faltam também linhas de
transmissão nos parques eólicos... Talvez as curvas do governo a
favor do “lobby fóssil” estejam nesta direção. Já que as
regras para concessão de financiamento à compra de aerogeradores
mudaram, exigindo índices maiores de nacionalização dos
equipamentos para financiamento no BNDES, consequentemente, os preços
aumentaram. Outra medida contra a energia eólica foi a criação de
mais uma tarifa, o Encargo de Serviço do Sistema para Geradores
(ESS-G).
Lançado em novembro de
2012, o relatório "O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade" indica que o potencial da energia solar e eólica no Brasil tem sido
menosprezado nas políticas públicas do setor energético. O
documento revelou que, com as tecnologias atuais de energia solar,
seria possível atender a 10% da demanda atual de energia elétrica
utilizando menos de 5% da área urbanizada do Brasil. No caso da
energia eólica, o potencial inexplorado chega a 300 gigawatts (GW),
quase três vezes o total da capacidade instalada atualmente no país.
Falta investimento.
E não há um horizonte
de mudança nesse cenário. De acordo com o ADITAL,
a presidente Dilma Rousseff afirmou aos jornalistas, em 23 de abril
deste ano, que “não tem milagre”: ou se constrói novas
hidrelétricas ou aumenta-se a participação das termelétricas na
distribuição de energia. Programas de eficiência energética e
redução de demanda ou perspectivas de investimentos em outras
fontes renováveis sequer foram citados no discurso.
Para entender um pouco
sobre a discussão o Climax Brasil promoveu um debate entre
e a coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace, Renata
Nitta e o cientista integrante do Painel Brasileiro de Mudanças
Climáticas, Alexandre Costa. Assista na íntegra aqui.
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