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Sunday, July 28, 2013

Crescimento desordenado não é crescimento. É desordem.


Taís González

Cabe aqui dizer que desordem, neste caso, significa: desarmonia, falta de equilíbrio, desigualdade. O progresso do lado sul do Planeta está transformando o mundo deste século. Nações em desenvolvimento estão agora impulsionando o crescimento do Globo, tirando milhões de pessoas da pobreza e colocando bilhões em uma nova classe média global, de acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, do Programa de Desenvolvimento da ONU (Pnud).

De fato, o processo de globalização gerou um mundo com um nível de riqueza sem precedentes. A democracia, parece ainda ser o único sistema político aceitável, o acesso à informação e a difusão da mesma está circulando cada vez mais livremente e chegando cada vez mais longe. Entretanto, fome, doenças endêmicas, miséria, pobreza extrema continuam a assombrar a wonderful world.

“Por certo, as desigualdades graves não são socialmente atrativas, e as desigualdades importantes podem ser, diriam alguns, flagrantemente bárbaras.
Ademais, o senso de desigualdade também pode minar a coesão social, e alguns tipos de desigualdade podem dificultar a obtenção de eficiência”, explica o filósofo e economista Amartya Sen, em Desenvolvimento como liberdade. Sen, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 1998 e um dos criadores do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), colaborou na elaboração do relatório que afirma, “nunca na história as condições de vida e as perspectivas de tantas pessoas mudaram tão dramaticamente e tão rápido.”

De acordo com o relatório, mais de 40 países tiveram ganhos em desenvolvimento humano antes do que se previa. Entretanto, mais de 3 bilhões de pessoas podem ficar na pobreza extrema até 2050 por causa das mudanças climáticas. Ameaças ambientais como mudança do clima, desflorestamento, poluição da água e do ar e desastres naturais afetam a todos, mas os países e comunidades mais pobres são os mais atingidos,” dizem os autores.

Com os desastres ambientais, todos os ganhos podem ser desacelerados, brecados ou mesmo revertidos em locais como a África Subsaariana e o sul da Ásia. O relatório alerta, mais uma vez, que as nações com os níveis mais baixos de desenvolvimento não são as poluidoras, mas são as que sofrerão em um mundo mais quente. A The Economist, de outubro de 2012, mostrou que por mais que a desigualdade tenha sido reduzida em termos globais, porém, em relação ao PIB. De acordo com o índice dos países ricos e pobres, cerca de dois terços da população mundial vivem em países em que a desigualdade aumentou desde 1980.


Infelizmente, o mundo atual está cada vez mais dependente de recursos não renováveis e estruturas insustentáveis. Além do mais, não é difícil depararmos com casos de desrespeito humano e ambiental. O cotidiano apresenta uma série de exemplos desta insustentabilidade. Poucas pessoas se preocupam com assuntos como segurança alimentar (o que inclui produção – utilização abusiva de agrotóxicos, ainda que de "boa-fé" -, acesso e distribuição de alimentos, principalmente, nas grandes cidades), mobilidade urbana, desmatamento e suas consequências, a utilização de petróleo como fonte de energia e matéria-prima para composição de diversos produtos, lixo (produção, armazenamento e descarte), contaminação e poluição de rios e mares...

Para Andrew Simms os economistas precisam repensar algumas normas econômicas, como a noção de crescimento. Esse culto ao PIB precisa ser reavaliado, sustenta Simms, porque ele não representa apenas atividade produtiva e criação de empregos, mas implica também poluição e destruição dos recursos limitados da natureza, sobretudo via consumo obsessivo. O Produto Interno Bruto (PIB), é a soma de todas as riquezas produzidas no país) dividido pelo número de habitantes. É importante relacionar o crescimento da produção (PIB) com o dos habitantes do país, pois é essa relação que determina se, na média, a população está "enriquecendo" ou não. O PIB pode subir enquanto o PIB per capita diminui. Isso ocorre se a população cresce mais do que a produção num determinado ano, mostrando que, na média, a população empobreceu. É necessário lembrar que o PIB per capita é apenas uma média indicativa: a distribuição desse ganho ou perda se dá de forma desigual, e esse efeito não pode ser registrado neste indicador. - Fonte Uol.


O fato é que, atualmente, altos padrões de consumo é algo absolutamente desejável para a maioria, já que o Sol da propaganda nasce para todos. Governos também caem na tentação e fazem crer que só se comprando é que se sobrevive, afinal somente consumindo é que se cria empregos, o comércio vende, a indústria vende e os cidadãos adquirem bens.

Novos economistas já buscam novas maneiras de medição econômica, como o IDH, criado pela ONU e Sen, ou mesmo o “índice de felicidade”, adotado em Butão, tema de análises acadêmicas. O estudo de felicidade já entrou no currículo de universidades como London School of Economics. De acordo com a Organização para a Cooperaçãoe Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Austrália foi eleito o país mais feliz do mundo, seguido pela Suécia e Canadá. O ranking compara os 34 membros da OCDE – na maioria nações desenvolvidas – e dois "parceiros-chave": Brasil e Rússia. A comparação foi feita com base em onze critérios, tais como renda, saúde, segurança e moradia. O Brasil aparece na 33ª posição.


O comportamento do consumidor na sociedade também começa a ganhar mais importância no meio acadêmico, por exemplo, Daniel Kahneman, ganhador do Nobel de Economia, em 2002, por suas pesquisas na área de economia e comportamento. O próprio Amartya Sen quer ir além do IDH. Nicholas Stern, da London School of Economics, que busca dar valor monetário às medidas de combate aos danos provocados pelo crescimento desordenado.

É comprovado que o Planeta não suporta tamanha produção, consequentemente, descarte. O carpe diem está destruindo o futuro de gerações, e talvez esta seja a única que não pensa no futuro de seus filhos e netos.  O carpe diem está destruindo o que de mais valioso há, a natureza. Sem demagogia. Afinal petróleo, diamantes, madeira, terra, pasto, gado... Preciosas parte de um todo, inclusive você.

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