Sol baixo, a casa, enfim, próxima. A areia – negra – massageava os pés cansados, a brisa, o corpo dolorido. Um longo dia chegava ao fim e com ele uma das maiores experiências da minha vida!
O caminho de volta durou cerca de três horas, basicamente de descida, o lado bom é que estava entre árvores e o mar ao fundo, a natureza aqui é como as pinturas de um artista (se é!). Cansada, mas feliz! Foi tudo muito lindo e a descida muito melhor do que a subida, ao menos para mim! Embora mais rápida, a subida era íngreme, ficava sem ar e embora aplicasse todos os exercícios de respiração aprendidos na Yoga), nada de ar, a cada 20/30 minutos tinha que parar!
Um grupo grande andando em fila depois de acordar às 5h, lanche como almoço, pouca água, nada fácil. A van saiu de casa às 5h30 e nos levou até o outro lado da Ilha de Saint Vincent, aliás, o lado mais rico, com mansões, ruas bem asfaltadas e sinalizadas... Por fim, o país não é tão pobre assim.
O frio aumentava a medida que eu subia, embora não sentisse tanto, estava muito quente para sentir o vento gelado que quase me arrastava… 1220m de altitude depois, a “La Soufriere”, o vulcão ativo da Ilha,. Em sua cratera percebo como sou pequena, pequeno ser, completamente impotente diante da Mãe Terra. Observo a imensidão, a beleza do fundo da circunferência, a fumaça branca que sai do rochedo central, naturalmente poluidora, um linda poluição natural… Deitada para que o vento não me arraste sinto o chão frio, o vento gelado, a chuva fina, os sorrisos estampados nos rostos, a paz. Poderia eu um dia estar ali dentro, tocando aquelas rochas? Sentindo se o chão é quente? Sim. Uma hora depois era, exatamente onde estava.
Uma fenda na beira da cratera com algumas cordar amarradas em estacas de ferros fincadas no chão era o caminho para baixo. Dessa vez o grupo se separou e metade preferiu observer o vulcão apenas de cima. Assim que cheguei na chão corri para o centro, uma “montanha” rochosa com algumas partes amareladas, por onde sai – constantemente – uma fumaça branca. Quanto mais eu me aproximava, mais forte ficava o cheiro do enxofre, até que não consegui mais, insuportável aquele odor, senti a cabeça doer, o calor aumentou, fiquei zonza… Comecei a me afastar, pisando na vegetação que nasceu ali e estava morta , seca em cima do chão de lodo, estranho.
Estranha era a sensação de estar ali, pisando naquele solo, sentindo o calor que saia de dentro da terra, a vibração. A respiração do Planeta… Foi o que pensei. Depois de caminhar pela cratera e antes de iniciar a subida deitei no chão, em um lugar em que não era possível sentir o calor do solo, fechei os olhos inspirei – ainda senti o cheiro do enxofre – e agradeci. No momento em que abri os olhos um arco-íris apareceu na cratera, alguns chuviscos acariciaram meu rosto, o Sol brilhou forte por alguns instantes, naquele dia chuvoso e nublado.
Aprendi com esta experiência que: sou muito menor do que imaginava, sou uma pequena particular do Universo, completamente impotente diante da Mãe Terra; Tive ainda mais certeza que o homem, definitivamente e em sua maioria, não respeita a sua morada, o Planeta – abismada com a quantidade de garrafas pets, tampinhas plásticas e embalagens que encontrei durante o caminho, inclusive dentro da cratera; Junto com o grupo aprendi que, às vezes, é melhor seguir as pegadas daqueles que estão adiante, do que tentar trilhar seu próprio caminho; E que o sorriso e a “mão estendida” são sempre bem-vindos!
1 comment:
Lindo, Taís! Não consigo imaginar a sua emoção. Acho que eu enfartaria diante dessa magnitude da natureza. É tudo tão improvável pra nós, que não convivemos e nem sofremos este tipo de realidade. O que a Terra faz conosco, é somente a resposta do que fazemos com ela. É triste, mas é verdade. Parabéns!
Beijos
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