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Sunday, August 11, 2013

Monsanto, transparência que dá gosto


A mega-indústria e aliados querem convencer seus consumidores, de uma vez por todas, que seus produtos não são apenas seguros, mas bons.

Por Taís González

Financiado por mais de 50 multinacionais de alimentos, agronegócio e empresas de biotecnologia, o site GMOAnswers.com promete responder todas as perguntas relacionadas aos organismos geneticamente modificados, exceto, é claro, onde eles estão escondidos na nossa alimentação.

A nova jogada de marketing tem um porquê. No mês anterior, o Relatório Holmes revelou que a Monsanto estava buscando empresas de relações públicas com a missão de melhorar a sua imagem, depois de ter recebido o título de “Pior empresa do ano”, ter enfrentado a maior onda de protestos, em maio e julho deste ano (mobilizando 2 milhões de pessoas ao redor do mundo, on-line e off-line) e a campanha I-522 no Estado de Washington para garantir a identificação dos GMO estar ganhando mais e mais adeptos, de acordo com pesquisas, 93% dos consumidores querem a rotulagem.

Sujeira em tempo
O jornal americano New York Times divulgou o lançamento do GMOAnswers.com, o novo site que pretende "responder a praticamente qualquer pergunta feita pelos consumidores sobre as culturas geneticamente modificadas." Quem recebe uma menção no editorial do Times apenas pelo lançamento de um site hoje em dia? Aparentemente, organizações que são financiados pela Monsanto, Dow, Bayer, Syngenta e BASF.

Em entrevista à DW, Ursula Lüttmer, da Monsanto Alemanha, afirma que os investimentos visam à agricultura sustentável, que ajude a produzir mais, além de proteger os recursos e promover um melhor padrão de vida. Lüttmer disse ainda que até hoje não foram encontradas quaisquer desvantagens para os seres humanos, animais e meio ambiente.

Na própria Alemanha, o cultivo de PGM é proibido, até para teste. Em outras partes da Europa são liberados as sementes da batata transgênica Amflora, da empresa Basf e o MON 810, um tipo de milho produzido pela Monsanto. Entrentanto, em julho passado, a Monsanto anunciou que não mais investirá em sementes modificadas na EU.

Já no Brasil, a multinacional está instalada desde 1963, produzindo sementes transgênicas de soja, milho e algodão. O grupo tem a política de comprar empresas menores do ramo e, por isso, fica cada vez maior. Críticos dizem que se trata de um "quase monopólio".

Ciclo vicioso:
Agricultores precisam comprar novas sementes a cada ano. A tentativa de fazer a multiplicação da semente por conta própria configura uma violação de patente, alega a Monsanto; Agricultores precisam lutar contra o aumento da resistência de das sementes, ou seja, é necessário comprar novos GMO desenvolvidos para suportar mais pesticidas. E isso não ocorre somente com grandes proprietários de terras, agricultores familiares e até mesmo programas de ajuda humanitária (estes nem sempre com boas intenções) aderiram às sementes "milagrosas" e hoje, rezam para que o santo criador ofereça melhores condições para obter as novas sementes - e seus devidos pesticidas.



Vale lembrar sobre a ameaça da segurança alimentar. A epidemia de obesidade infantil. Os agricultores familiares, cada vez mais raros. E que grande parte dos problemas alimentares podem ser rastreados e apontarem para o Big Food, monopólios que tomaram o controle do nosso sistema alimentar e nosso governo.

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