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Tuesday, August 23, 2011

Uma luta invisível


Sol, mar, praia, montanhas, rios, cachoieras... Um lindo cenário, ainda mais sendo no Caribe. Saint Vincent and the Grenadines não perde para as outras ilhas desta região. Porém, quem vê de longe, e às vezes, de perto, pode não perceber os sérios problemas ambientais do país. O uso abusivo dos agrotóxicos utilizados nas plantações e os venenos utilizados para exterminar ervas-daninhas vem, constantemente, poluindo o solo e a água. O lixo das cidades vão parar direto nos mares: Caribe e Atlântico. Além do risco de desertificação em algumas áreas e as consequências das mudanças climáticas, grave nesta região.


Com uma representação de 10% no PIB nacional e a ocupação de quase metade das terras do país, a agricultura é um setor de peso. Emprega diretamente quase 30% da população e tem na exportação de alimentos um grande negócio. O fato é que, de acordo com o Chefe Oficial do Minstério da Agricultura, Mr. Reuben Robertson,  o produto mais exportado é a banana, porém o que utiliza mais agroquímicos.

“Temos esta preocupação com o meio ambiente, por isto, deixamos de utilizar químicos mais agressivos há 15 anos. Sabemos que este tipo de veneno afeta o solo e a saúde das pessoas”, diz Mr. Robertson. Mas, apesar dos esforços do governo para cuidar do meio ambiente e da contaminação do solo e da água é, cada vez mais, notória a problemática. Para o pescador Jeremy Joung,  62, que trabalha na profissão há mais de 40 anos, a utilização de pesticidas e agroquímicos está afetando agora o mar, “por causa da geografia da ilha, todo químico utilizado nas montanhas vem parar aqui no mar, não encontramos peixes pequenos nas costas e os peixes maiores estão cada vez mais longe”, comenta Joung.

Como a maioria dos produtos produzidos na ilha são exportados para países europeus, a utilização de agroquímicos é cuidadosamente monitora. Já os produtos produzidos por trabalhadores de pequeno porte e comercializados localmente, a utilização não tem nenhuma fiscalização ou controle, mas ainda, os produtores não tem ideia de que a má utilização de agroquímicos pode afetar a saúde do homem. Darwin Spence, 44, trabalha como agricultor toda a sua vida e nunca obteve informação sobre os agroquímicos, apenas que eles servem para ajudar no crescimento da planta. “Eu sei que se eu tocar nestes produtos (Caprid 20SL e Fastac 5EC) e tocar nos meus olhos ou na minha boca eu passo mal, mas eles servem para ajudar a planta crescer”.  O governo utiliza também um tipo de veneno para matar as ervas-daninas nas estradas (capim), mas de acordo com o Chefe Oficial do Ministério  da Agricultura, “não faz mal  à terra e, uma vez que toca o solo torna-se inativo”.

A contaminação da água potável, através do solo e rios é um risco para os habitantes, embora razoavelmente abundante, o estoque de água potável está chegando em seu limite. O aumento na demanda de água doméstica está ocorrendo devido a mudanças no estilo de vida e padrões de habitação e há também o consumo do setor turístico, em plena expansão o aumento é ainda mais acentuado. De acordo com o Programa Ambiental das Nações Unidas, lançado recentemente, a demanda per capita de água doce do turismo é cerca de quatro vezes maior que a dos residentes locais. “Há projetos para este setor e atividades de reflorestamento para manter a densidade da água”, diz Mr. Robertson.

Existem outras lutas para melhorar a qualidade de vida da comunidade, o ambiente e proteger a natureza em Saint Vincent and the Grenadines. O diretor do departamento de Gestão Ambiental, Edmund Jackson, aponta outras três problemáticas, além dos químicos, “acredito que em primeiro lugar está as mudanças climáticas, depois a perda da biodiversidade, a desertificação do solo e a utilização de produtos químicos”.
Por ser uma ilha do Caribe, as mudanças climáticas realmente está em primeiro lugar na preocupação do governo, há um estudo detalhado sobre os efeitos e as consequências dos últimos desastres naturais (tempestades tropicais e furacão Thomas,  além de possíveis castátrofes) para ser entregue ao Banco Mundial e ajudar vítimas e possíveis vítimas, e a economia local (também pequenos agricultores e pescadores).

A comunidade pesqueira sofre há tempos não só pelas consequências dessas mudanças, como a elevação do nível do mar (em 50 anos, de 10 a 15 metros), mas também, com a contaminação da água (barcos pesqueiros, barcos turísticos, químicos e lixo) e a própria concorrência. Com a taxa de desemprego elevada e sem alternativas, mais e mais homens tornam-se pescadores, sem muita informação ou instrução eles trabalham individualmente e predatóriamente. O voluntário de uma organização japonesa, Kei Kusara, diz que para melhorar a vida dos pescadores é preciso mais cuidado e investimento. “Dos oitos complexos pesqueiros existentes em Saint Vincent and the Grenadines, apenas um funciona como deveria. É preciso mais cuidado com esta comunidade, incentivá-los a trabalharem em cooperativas, fortalecê-los, estabelecer mercados para vendas, um local próximo para a compra de combustível o que poderia ser nestes complexos. Há menos peixes porque há mais pescadores”.

As problemáticas das comunidades carentes e costeiras e as questões ambientais do país tornam-se pouco-a-pouco visíveis a todos. Gente “de fora”, gente “de dentro”, voluntários, organizações, governo, população... É somente com a colaboração, o trabalho e a luta de cada um que os problemas serão superados, os projetos positivamente concretizados e Saint Vincent and the Grenadines visto não somente como uma ilha bonita, mas um justo, harmonioso e sustentável país do Caribe!

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