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Thursday, October 15, 2009

Sustentabilidade na agricultura, um terreno fértil

A agricultura sustentável tem sua base na conservação do meio ambiente, na criação de unidades agrícolas lucrativas e prósperas.

Taís González

A idéia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar. Resulta de emergentes pressões sociais por uma agricultura que não prejudique o meio ambiente e a saúde. Apesar de seus 10 mil anos, a agricultura permanece sendo a atividade humana que mais intimamente relaciona a sociedade com a natureza. Por mais que se esteja vivendo na ‘aurora de uma nova era’ – rotulada de pós-industrial, pós-moderna, ou pós-escassez – a verdade é que a humanidade continua muito longe de encontrar uma fonte da energia necessária à vida, que dispense o consumo das plantas e dos animais, como ocorre há 2 milhões de anos.

Além disso, em contraste com outros processos produtivos, a intervenção humana na agricultura não é realizada com o propósito de transformar matéria-prima. Nela, o trabalho humano visa regular as condições ambientais sob as quais as plantas e os animais crescem e se reproduzem, pois nesse processo há um momento de transformação que se realiza por dinâmicas orgânico-naturais, e não pela aplicação do trabalho humano.

Para o coordenador do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da Embrapa, Maurício Lopes, um dos grandes desafios para a humanidade é, justamente, o desenvolvimento sustentável na agricultura. “Todo tipo de atividade agrícola gera impactos no meio ambiente. Com a produção convencional há uma exploração intensa, o que coloca em risco a rica base de recursos naturais que o país oferece, principalmente, por causa das substâncias nocivas”, diz ele.

O pequeno agricultor Carlos Adilson Roncaglia deixou o plantio convencional para o orgânico que, embora mais caro, é mais saudável protege o meio ambiente. A rentabilidade vem com o tempo. “São dez anos de experiência com os orgânicos. O começo foi muito difícil, muito investimento e pouco retorno”, confessa Roncaglia, que em seu sítio, localizado em Mogi das Cruzes, São Paulo, trabalha com quatro frutas: figo, goiaba, maçã e morango. “Comecei a lucrar há, mais ou menos uns três anos. Os clientes que costumam comprar este tipo de produto são fiéis e entendem a diferença de um para o outro e no impacto ao ambiente”, diz, referindo-se à clientela que compra no sítio e a que freqüenta o Parque da Água Branca em São Paulo, onde expõe três vezes por semana.

Segundo o coordenador do DPD da Embrapa, existem sim práticas mais sustentáveis como o plantio direto, o controle biológico de inseto, a fixação biológica do nitrogênio e o melhoramento genético das plantas. “É preciso buscar um novo patamar de conhecimento, um novo paradigma científico e tecnológico e as diversas unidades da Embrapa e instituições parceiras foram fundamentais para avanços na área”, relata Lopes.

Na produção de orgânicos e de agricultura sustentável em larga escala, a Native se destaca como maior exportadora de açúcar orgânico do mundo. Ela responde por 60% da produção mundial de açúcar orgânico, de acordo com informações de Kátia Monteiro, responsável pela comunicação da empresa. Entre os principais mercados da companhia – que exporta cerca de 90% de sua produção para 57 países nos cinco continentes - estão países da Europa, Estados Unidos, Coréia e Japão. Hoje a indústria processa 1,2 milhão de toneladas de cana por ano, e possui 7.854 mil hectares de cana orgânica certificada, uma vasta área de solo fértil.

De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), estudos sobre o efeito do CO2 no desenvolvimento de gramíneas tropicais do tipo C4, como é o caso da cana-de-açúcar, mostram que a absorção desse gás por essa cultura é significativo e imprescindível para seu crescimento.

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