Porque você é aquilo que faz!
Sendo as maiores instituições da sociedade civil, os negócios unem pessoas de todas as partes do globo, mais do que qualquer outra organização. Como consequência, a saúde moral de uma sociedade depende, em alto grau, do caráter moral dos negócios e de seus líderes.
Taís González
Não é necessário estudar a obra textual clássica, “Ética à Nicômaco” – na qual Aristóteles qualifica toda ação e escolha do indivíduo no bem em que, na realidade, todas as coisas tendem - ou fragmentar qualquer outro filósofo, cientista, doutrinador para entender o verdadeiro sentido da eticidade. Isto porque é justamente nos pequenos atos e nas ações mais simples e corriqueiras que a ética deve ser exercitada. Nos negócios, a ética está cada vez mais escassa e o fosso criado entre pessoas e organizações, cada vez maior.
Como ciência humana esse setor fica reduzido a caráter não científico, que o limita a um conjunto de procedimentos irracionais com o objetivo único de lucrar. Sob esse olhar, a ética humana se torna uma lista do fazer ou não fazer, rumo ao sucesso. Pelo menos, é assim que o livro “Ética nos negócios – construir uma vida, não apenas ganhar a vida” retrata o universo corporativo atual. O autor, professor universitário que registra passagens por grandes corporações, Gene Ahner afirma ser a ética e os negócios dois pólos, porém, complementares. Ele examina as várias dimensões que tornam uma empresa mais ou menos moral. “Nenhuma empresa é completamente moral ou imoral. Os elementos básicos da moralidade aplicam se tanto às organizações com fins lucrativos como às sem fins lucrativos, tanto a empresas pequenas como a grandes corporações.”
Em um estudo publicado pelo Business and Media Institute, e que Ahner apresenta em seu livro, descobriu-se que no mundo do entretenimento os chamados “homens de negócios” ameaçam mais a sociedade do que os terroristas ou as quadrilhas de criminosos. Os pesquisadores assistiram a doze principais séries da tevê, entre maio e novembro de 2005. Mais de 75% dos episódios com tramas relacionadas aos negócios apresentaram uma visão negativa deste setor e de seus profissionais. Esses tipos de enredos têm impactos inconscientes e acaba por se tornar parte de nossa visão universal de que homens e mulheres do mundo corporativo devem sim ter mentido, trapaceado ou roubado para progredir.
Na obra o autor cita vários exemplos uns dos mais esclarecedores sobre ética e negócio é o de Robert C. Solomon que diz: “quando as relações comerciais são separadas dos outros empreendimentos humanos, em slogans como ‘negócio é negócio’, os cínicos sugerem o que simplesmente não é verdade. Os negócios não são autossuficientes, com princípios, regras e sua própria razão de existir. Em essência, fazem parte da vida humana e da comunidade humana”. Ou como já ‘dizia’ Aristóteles: “o fim de nossas ações é o sumo bem e o conhecimento de tal fim tem grande importância para nossa vida, por isso, devemos determiná-lo para saber de qual ciência o sumo bem é objeto”, ou seja, diga-me o que faz, que eu ti direi quem és.
Publicado na 6ª edição da revista Gazeta do Morumbi
www.gazetadomorumbi.com.br
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